Justiça suspende eleição do sindicato dos motoristas de ônibus de SP

A Justiça de São Paulo suspendeu, na noite desta quarta-feira (22), a eleição do sindicato dos motoristas de ônibus. A disputa é marcada por brigas internas.

A liminar foi concedida pelo desembargador Marcelo Freire Gonçalves, vice-presidente judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2). O Sindmotoristas disse que irá recorrer da decisão.

Na terça (21), um grupo chegou a bloquear nove terminais da capital paulista. Na madrugada de quarta (22), um motorista aposentado foi baleado em frente a uma garagem, na Zona Sul, durante campanha.

A decisão atendeu a um pedido da Chapa Oposição e Luta, que concorre à direção do sindicato, e exige o uso de urnas eletrônicas.

Na decisão, o desembargador aponta que o estatuto do sindicato não proíbe a coleta de votos por meio eletrônico, e que essa seria uma forma de evitar fraudes e disputas judiciais que marcaram as eleições anteriores da categoria.

Também foi considerado risco de dano irreparável à categoria se a eleição fosse realizada sem as urnas eletrônicas.

Com a suspensão, o TRT-2 determinou a convocação de um novo pleito eleitoral com novo edital até o dia 28 de dezembro, sendo que no prazo de 90 dias deverá ser realizada a eleição com o emprego de urnas eletrônicas, que deverão ser requeridas pela Comissão Eleitoral junto ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.

Motorista baleado

Um motorista aposentado, de 68 anos, foi baleado na frente da garagem de ônibus da Viação Campo Belo, na Zona Sul de São Paulo, na noite desta terça-feira (21).

Testemunhas relataram que a vítima estava com o genro, quando um homem que estava na garupa de uma moto disparou diversos tiros de forma aleatória em direção à calçada.

Um dos disparos atingiu o ombro de Antônio José Ferreira, que foi levado para o Hospital Campo Limpo consciente. O quadro de saúde é estável.

Motorista é baleado na Zona Sul de SP — Foto: Reprodução/TV Globo

Segundo a direção do SindMotoristas, Antônio é motorista aposentado da Viação Campo Belo e estava participando da campanha eleitoral do sindicato em frente à garagem junto com integrantes de várias chapas concorrentes.

A ocorrência foi registrada no 34º DP e a polícia investigará se a motivação foi eleitoral.

Disputa sindical

Uma disputa política interna no Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas) foi parar nas ruas da capital. Sindicalistas bloquearam nove terminais e corredores exclusivos de ônibus.

Mais de 500 mil passageiros foram prejudicados pelas manifestações realizadas pelas chapas 1, 2 e 3.

• A categoria tem cerca de 45 mil filiados
• 30 mil votam até esta quarta-feira (22) para decidir quem será o novo presidente do sindicato
• 4 chapas fazem parte do processo eleitoral
• As chapas 1, 2 e 3 questionam todo o processo: elas preferem votar de forma eletrônica
• Já a chapa 4 escolheu seguir o estatuto, que diz que o voto tem que ser impresso

Às 14h desta terça-feira (21), uma fila de ônibus parou na Avenida Marquês de São Vicente, em frente ao Fórum Trabalhista, onde representantes do sindicato tentaram uma audiência com a Justiça do Trabalho.

“Nós não queremos criar tumulto na cidade. Agora, não é justo você ter seu direito ao voto e ser lesado”, disse Marcos Coutinho, candidato da chapa 3.

“[Não organizamos o protesto]. Esse protesto foi tirado ontem pela assembleia, que decidiu que ia parar. Nós temos que acompanhar”, afirmou Antônio Agripino, integrante da chapa 1.

Presidência conturbada

José Valdevan de Jesus encabeça a chapa 2 — Foto: Reprodução

A chapa 4, encabeçada por Edivaldo Santiago da Silva, é apoiada por Crizinho, que até a última sexta-feira (17) ocupava a presidência do sindicato, mas ele foi substituído pelo antigo presidente, José Valdevan de Jesus, que atualmente encabeça a chapa 2.

• Valdevan Noventa, como é conhecido, foi eleito deputado federal pelo PL, mas em 2020 foi cassado por abuso de poder econômico e perdeu os direitos políticos
• Em 2022 passado, foi afastado também da direção do sindicato por uma decisão judicial, mas reassumiu na última sexta graças a uma liminar da Justiça • • Eleitoral de Aracaju, onde ele tinha disputado a eleição
• Valdevan seria, então, o atual presidente do sindicato
• No entanto, o próprio sindicato divulgou uma nota condenando as manifestações; quem aparece como presidente ainda é Crizinho

Fonte: G1

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