Quase 40% podem buscar novo emprego com fim de modelo híbrido

O modelo híbrido de trabalho, mescla entre presencial e remoto, é o favorito tanto entre as empresas quanto entre os profissionais. Prova disso é que hoje 38% dos trabalhadores estariam dispostos a mudar de emprego em caso de um retorno da sua empresa a um modelo de atividades totalmente presencial. Os dados fazem parte da 24ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH).

Entre as companhias, 59% estão adotando este esquema de trabalho. Enquanto 33% exigem a presença diária dos funcionários no escritório e apenas 8% seguem totalmente o modelo home office.

Já entre os funcionários, a preferência pela modalidade híbrida é ainda maior, com 76% considerando esse formato como o melhor para trabalhar, contra 18% que optam pelo home office integral e os demais 6% o modelo presencial full time.

O diretor-regional da Robert Half, Lucas Nogueira, destaca que, exceto naqueles setores em que só é possível atuar de modo presencial, os trabalhadores anseiam por formatos flexíveis.

“A modalidade de trabalho tornou-se um fator decisivo, capaz de impulsionar pedidos de demissão e mudanças de emprego em prol de mais bem-estar, qualidade de vida e saúde mental. Nota-se que os profissionais também valorizam o contato e a interação, pois preferem o modelo híbrido, não o 100% remoto”, relata.

Divergências quanto ao modelo presencial

O levantamento também revelou que o retorno do trabalho totalmente presencial poderia levar a um cenário onde 38% dos profissionais empregados buscariam um novo emprego. Isso significa que essas pessoas não estão dispostas a abrir mão da flexibilidade do modelo híbrido, por exemplo.

Por outro lado, o número de empresas que estão planejando ou já retomaram as atividades inteiramente presenciais (33%) cresceu três pontos percentuais (p.p.) se comparado com o último trimestre (30%). Essa é uma realidade que vem crescendo trimestre a trimestre.

Esse aumento é motivado por uma percepção de queda na produtividade dos profissionais, enfraquecimento da cultura organizacional e dificuldades com a gestão remota.

Portanto, fica cada vez mais claro que a dificuldade de adaptação às transformações do mercado proporcionará barreiras no recrutamento de profissionais qualificados, além de obstáculos na retenção de talentos.

De acordo com dados do ICRH, 39% dos recrutadores já estão observando colaboradores buscarem um novo trabalho depois que a empresa decidiu pelo retorno presencial. Além disso, outros 23% afirmaram ter receio de que isso possa acontecer no futuro.

Baixo desemprego

A complexidade do cenário atual fica ainda maior se considerar a taxa de desemprego entre os profissionais qualificados (a partir dos 25 anos com ensino superior completo).

Nesse caso, o ICRH, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, aponta que o índice de desocupação nessa categoria foi de apenas 4,1% ao final do primeiro trimestre deste ano. Enquanto a taxa de desemprego geral, que inclui essa categoria de profissional, foi de 8,8%.

Na visão de Nogueira, esses últimos anos serviram para comprovar que uma boa gestão pode ser feita tanto de perto quanto de longe da equipe. “É a boa governança, muito mais do que a distância física entre as pessoas, que determina o nível de compromisso dos profissionais com o trabalho”, afirma.

Ele ainda reforça que esse anseio por flexibilidade veio para ficar e as empresas que oferecerem esse diferencial se tornarão as mais desejadas, admiradas e reconhecidas pelos profissionais. “Portanto, para contar com os melhores talentos do mercado, capacitar e adequar a gestão a essa nova realidade deve estar no topo das prioridades”, conclui.

Metodologia da pesquisa

A 24ª edição do ICRH é resultado de uma sondagem conduzida pela Robert Half ao longo do mês de maio, com base na percepção de 1.161 profissionais, igualmente divididos em três categorias.

São elas: recrutadores (profissionais responsáveis por recrutamento nas empresas ou que têm participação no preenchimento das vagas); profissionais qualificados empregados; e profissionais qualificados desempregados (com 25 anos ou mais e formação superior).

Fonte: Diário do Comércio

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