Brasileiros querem estabilidade sem abrir mão da CLT. Veja números da pesquisa Ipec/O GLOBO

Ao mesmo tempo em que os brasileiros buscam emprego, os dados da pesquisa Ipec/O GLOBO mostram que 80% dos entrevistados gostariam de flexibilidade para trabalhar em casa ou em locais alternativos. A maior parte dos brasileiros (76%) também quer ter mais flexibilidade para escolher seu próprio horário de trabalho.

Grande parte dos brasileiros, porém, não quer abrir mão da segurança da carteira assinada, regida pelas regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). No total, 59% concordam que é preferível um trabalho com carteira assinada e direitos trabalhista como férias, 13º salário, seguro-desemprego e licença maternidade do que terem seu próprio negócio ou trabalharem por conta própria sem ter um chefe.

A pesquisa do Ipec aponta também para um perfil de trabalhador que aceitaria ganhar menos para trabalhar também em menor quantidade. Quase um terço (30%) dos entrevistados concordam que gostariam de ter um dia a menos de trabalho mesmo que isso reduzisse seu salário em 20%.

Jornada reduzida

A redução salarial acompanhada de um trabalho reduzido é mais aceita por mais jovens (entre 16 e 34 anos). Nessa faixa etária, 37% concordaram em receber menos e reduzir sua jornada de trabalho. No recorte regional, no Nordeste, 35% dos trabalhadores aceitariam esse modelo de trabalho.

Os números também apontam para não haver distinção entre empregados ou não nesse ponto. A avaliação sobre aceitar ganhar menos não depende da pessoa estar empregada ou desocupada.

O modelo que consiste na redução da jornada de trabalho para quatro dias na semana, mas sem que haja desconto do salário do trabalhado está sendo discutido em países desenvolvidos.

No Brasil, algumas empresas já passaram a praticar a jornada reduzida de quatro dias de trabalho por semana. Em todos os casos há em contrapartida o comprometimento de o trabalhador manter 100% de sua produtividade.

Em uma economia que dá sinais de recuperação após um período de quedas abruptas, as relações de trabalho provocam inquietações nos brasileiros. Seja pela falta de oportunidades, o desejo de um vínculo mais forte, traduzido pela carteira assinada, ou a aspiração por flexibilidade em modelos e horários no pós-pandemia, o tema é o principal destaque de duas pesquisas inéditas realizadas pelo Ipec a pedido do GLOBO. A primeira delas, feita de maneira presencial em 128 cidades de todas as regiões, expõe que o desemprego é percebido como o maior problema do país — 43% elencam o item como um dos três desafios mais graves.

Fonte: Extra

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