Marinho critica a precarização ‘irmã gêmea do trabalho escravo’ por trás do empreendedorismo

São Paulo – O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, voltou a criticar o incentivo ao “empreendedorismo” que esconde a precarização “irmã gêmea” do trabalho escravo. É o caso do trabalho por aplicativos. Sob a ideologia do “empreendedorismo individual”, que ainda seduz muitos trabalhadores, empresas exploram uma mão de obra barata em um modelo que, segundo ele, e o ápice da precarização. “O mundo está debatendo isso. É um processo. Temos que pensar como regular a atividade econômica. Muitas empresas falam que são empresas de tecnologia. Mas é uma prestação de serviços”, afirmou.

O ministro, que nega ser avesso às novas tecnologias, defende que essas empresas sirvam ao bem coletivo. “O que é modernidade? É a exploração do ser humano? Temos que pensar em jornada. Precisamos de jornada de trabalho reduzida para a família, cultura, trabalho, esporte, lazer. Se não vamos construir milhões de pessoas sem trabalho que precisarão viver do Estado. O que desejamos é distribuir para que toda a sociedade se beneficie da tecnologia. Então, é preciso muita luta”, disse.

“As coisas precisam ficar claras. A sociedade precisa encarar isso. Existe uma propaganda ideológica de que tudo é empreendedorismo. O jovem na bicicleta com mala nas costas é empreendedor. Então, precisamos deixar claro o que é relação de trabalho e super-exploração. Quando falamos em novas tecnologias, pensamos em menor esforço humano. Novas tecnologias são bem-vindas. Mas elas precisam beneficiar os trabalhadores e trabalhadoras. Não que beneficie apenas os bilionários”, disse o ministro, em entrevista ao Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, nesta quarta-feira (12).
Proteção ao trabalhador e combate ao trabalho escravo

Nesse mundo marcado pela “uberização”, em razão da empresa de aplicativo de transporte, Marinho disse que o foco tem de estar está na proteção do trabalhador. “Vemos que a terceirização está contribuindo para o crescimento do trabalho análogo à escravidão. Em operações que fizemos neste ano, temos mais de mil trabalhadores libertados. A grande maioria, mais de 90%, se trata de uma relação de terceirização. Na ponta está o trabalho análogo ao escravo”, disse.

Parte deste caminho, para Marinho, passa pelo fortalecimento das entidades representativas dos trabalhadores. “Precisamos de luta, de sindicatos. É preciso que o empresariado e o povo tenha consciência. Veja o Parlamento, temos que conviver com os deputados que as pessoas escolheram da melhor forma possível. Então, temos que pensar na responsabilidade de todos”, disse.

Fonte: Rede Brasil Atual

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