Participação de mulheres no trabalho cai ao menor nível desde 2015, diz IBGE

Pela primeira vez desde 2009 caiu a participação das mulheres entre os assalariados das empresas formais no país. A parcela feminina caiu de 44,8% em 2019 para 44,3% em 2020. Foi a menor participação feminina desde 2015 (44%), mostram os dados da pesquisa Estatísticas do Cadastro Central de Empresas – 2020 (Cempre 2020), divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso ocorreu porque mais de 70% dos 825,3 mil postos de trabalho perdidos entre 2019 e 2020 foram de mulheres, ou 593,6 mil. Em 2020, o número de homens assalariados caiu 0,9%, enquanto o de mulheres teve recuo mais expressivo, de 2,9%.

O movimento, explica o analista do IBGE Thiego Gonçalves Pereira, responsável pela pesquisa, reflete tanto o fato de que as atividades que mais perderam vagas são aquelas com maior participação feminina quanto por questões históricas de a mulher estar mais voltada para os cuidados com a família.

“A participação das mulheres entre os assalariados caiu pela primeira vez desde o início da série histórica, em 2009. O percentual ficou em 44,3%, voltando ao nível lá de 2016, quando estava em 44,4%. A gente atribui isso a vários fatores. Primeiro teve crescimento de pessoal assalariado em setores que empregam mais homens, como construção, e ao mesmo tempo observou-se redução nos empregos que mais empregam mulheres, como educação e alimentação, atividades mais impactadas pela pandemia. Além disso, historicamente a mulher fica mais em casa”, diz o analista do IBGE.

As diferenças entre homens e mulheres também aparecem em termos salariais. Os homens receberam, em 2020, um salário médio mensal de R$ 3.263,51, o que significa 17,9% a mais que o rendimento médio das mulheres (R$ 2.768,6). As mulheres receberam, em média, o equivalente a 84,8% do salário médio mensal dos homens.

Fonte: Valor Investe

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